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Jorge Pedrosa

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Tchaikovsky - Concerto numero 1 para Piano e Orquestra.

Piotr Ilitch Tchaikovsky (em russo: Loudspeaker.svg? Пётр Ильи́ч Чайко́вский, por vezes, transliterado Pyotr Ilyich Tchaikowsky); (Kamsko-Wotkinski Sawod, actual Tchaikovsky, (7 de maio de 1840) — São Petersburgo, 6 de novembro de 1893) foi um compositor romântico russo tendo composto trabalhos como sinfonias, concertos, óperas, balés, música de câmara e obras para coro para as liturgias da Igreja Ortodoxa Russa. Alguns de seus trabalhos estão entre as obras mais populares dentro do repertório erudito. Ele foi o primeiro compositor russo a ter uma grande fama internacional, tendo feito aparições como maestro convidado no fim de sua carreira pelos Estados Unidos e Europa. Uma dessas apresentações foi no concerto inaugural do Carnegie Hall em Nova Iorque, em 1891. Tchaikovsky foi honrado em 1884 com uma pensão vitalícia pelo Imperador Alexandre III.
Tchaikovsky foi educado para ter uma carreira como funcionário público. Naquela época as oportunidades para ter uma carreira musical (na Rússia) estavam quase que escassas e não existia um sistema público de educação musical. Quando surgiu uma oportunidade, ele ingressou no Conservatório de São Petersburgo, onde graduou-se em 1865.
Junto seu popular sucesso, a vida de Tchaikovsky foi puntuada pelas crises pessoais e depressão. Fatos que contribuiram para os casos foi a morte prematura de sua mãe e o colapso de sua relação com a viúva Nadezhda von Meck. Sua homossexualidade foi sempre mantida em segredo. Sua morte prematura aos 53 anos de idade é atribuída à Cólera, mas especula-se que ele possa ter vindo a se suicidar.
Embora não faça parte do chamado Grupo dos Cinco (Mussorgsky, César Cui, Rimsky-Korsakov, Balakirev e Borodin) de compositores nacionalistas daquele país, sua música se tornou conhecida e admirada por seu carácter distintamente russo, bem como por suas ricas harmonias e vivas melodias. Suas obras, no entanto, foram muito mais ocidentalizadas do que aquelas de seus compatriotas, uma vez que ele utilizava elementos internacionais ao lado de melodias populares nacionalistas russas. Tchaikovsky, assim como Mozart, é um dos poucos compositores aclamados que se sentia igualmente confortável escrevendo óperas, sinfonias, concertos e obras para piano.

Pyotr Ilyich Tchaikovsky nasceu em 07 de maio de 1840 na cidade de Votkinsk, localizada na província de Vyatka. Sua família teve um longo histórico de serviço militar. Seu pai, Ilya Petrovich Tchaikovsky, foi um engenheiro que serviu como tenente-coronel do Departamento de Minas. Sua mãe, Alexandra Andreyevna née d'Assier, foi a segunda das três mulheres de Ilya. Ambos os pais de Tchaikovsky tiveram educação nas artes e incentivaram o interesse dos filhos na música.

Tchaikovsky teve quatro irmãos(Nikolay, Ippolit, e os gêmeos Anatoly and Modest), uma irmã, Aleksandra e uma meia-irmã Zinayda proveniente do primeiro casamento de seu pai. O compositor era particularmente próximo de Aleksandra e dos gêmeos. Com o desenvolver do tempo Anatoly obteve uma carreira proeminente, enquanto Modest se tornou dramaturgo, libretista e tradutor. Aleksandra se casou com Lev Davydov e teve sete filhos.

Em 1843 a família contratou Fanny Dürbach, uma governanta francesa de 22 anos, para cuidar das crianças e ensinar francês a Nikolai. Tchaikovsky era inicialmente considerado muito novo para começar os estudos, mas sua insistência convenceu a governanta. Dürbach se provou uma excelente professora, com seis anos o compositor já havia se tornado fluente em francês e alemão. Tchaikovsky se tornou muito apegado à Fanny, a afeição que ele recebia da jovem moça serviu como compensação pela indiferença de sua mãe a qual teria sido descrita como fria, infeliz e distante. Outros afirmam que a mãe tinha um carinho muito grande pelo filho. A governanta guardou muitos dos trabalhos de Tchaikovsky da época, o que inclui suas primeiras composições.

Tchaikovsky começou a ter aulas de piano com cinco anos. Um precoce talento, se tornou capaz de ler partituras tão habilmente como seu professor em três anos. Seus pais o apoiaram inicialmente, contratando um tutor, comprando uma orchestrina, e encorajando seus estudos no piano. No entanto, a família decidiu em 1850 enviar Tchaikovsky para a Escola Imperial de Jurisprudência em São Petersburgo. Essa decisão pode ter tido razões práticas. Seus pais se tornaram insensíveis em relação ao seu dom musical, pois os únicos caminhos para uma carreira nesse ramo na época eram como professor ou como instrumentista em um dos teatros imperiais. Ambos eram considerados parte do mais baixo nível social, sem mais direitos do que camponeses.

Em 1848 a família fixa-se em São Petersburgo, onde o compositor toma as primeiras aulas teóricas musicais com diversos professores particulares, entre eles o maestro Filipov.

Em 1850 os desejos da família eram que fosse advogado. Foi para a Escola de Direito de São Petersburgo onde cursou até 1859, mostrando-se um estudante muito aplicado, e antes mesmo de se formar foi empregado como funcionário do Ministério da Justiça. O sofrimento de Tchaikovsky ao abandonar a mãe para frequentar o internato causou um trauma emocional que o atormentou por toda a sua vida. A morte de Alexandra Andreyevna por cólera em 1854, o devastou, afetando-o de tal forma que ele não poderia se comunicar com Fanny Dürbach durante dois anos. A perda o levou a fazer sua primeira composição séria, uma valsa em sua memória. 

Tchaikovsky em sua adolescência. (1863)
O pai de Tchaikovsky, que também havia contraído cólera, assim que recuperado, o mandou de volta para a escola, esperando que os estudos ocupassem a mente do garoto. Em compensação por suas perdas e isolação, Tchaikovsky fez amizades duradouras com seus colegas de classe incluindo Aleksey Apukhtin e Vladimir Gerard. A música se tornou um unificador. Enquanto não era uma prioridade oficial na Escola de Jurisprudência, Tchaikovsky a manteve como uma atividade de lazer, frequentando, com regularidade, a ópera com outros alunos. Pyotr também continuou seus estudos no piano com Franz Becker, um fabricante de instrumentos que visitava ocasionalmente a escola, entretanto, de acordo com o musicologista David Brown, os resultados foram desprezíveis.

Em 1855, Ilya começou a pagar aulas particulares de piano para Tchaikovsky com o professor Rudolph Kündinger. Quando o professor foi questionado a respeito da carreira musical do garoto, respondeu que nada sugeria um futuro como compositor ou intérprete. Kündinger posteriormente admitiu que seu julgamento foi baseado em sua própria experiência negativa como músico na Rússia.

Disseram a Tchaikovsky para terminar seu curso e depois tentar um posto no Ministério da Justiça. Mesmo tendo colocado este conselho em prática, seu pai continuou receptivo quanto à carreira musical de Pyotr. Ele simplesmente não conhecia o potencial de seu filho e estava inseguro com relação ao seu futuro. Em 1863 Tchaikovsky decide dedicar-se inteiramente à carreira musical. Opondo-se totalmente às expectativas da família, abdica da carreira jurídica e se matricula no Conservatório de São Petersburgo, onde permanece três anos. É no Conservatório que Tchaikovsky tem contato com as obras dos grandes mestres alemães, bem como com composições de Glinka, Meyerbeer, Schumann e Liszt. Foi aluno de Anton Rubinstein em orquestração, e de Nikolai Zaremba.

Depois de se formar no Conservatório, Tchaikovsky considerou voltar aos serviços públicos devido às suas necessidades financeiras, entretanto, foi-lhe oferecido, em 1866, um cargo de professor de teoria musical no Conservatório de Moscou que foi mantido até 1878. Embora a oferta incluísse um salário de apenas 50 rubles por mês, aceitou-a. Foi nesta época em que recebeu a notícia da primeira apresentação pública de um de seus trabalhos, “Danças Características” conduzida por Johann Strauss II em um concerto no Parque de Pavlovsk em 11 de setembro 1865. Em 1867 foi um dos designados pelo Conservatório de Moscou a receber oficialmente Hector Berlioz em sua viagem à Rússia.

Em 1868 trava contato com o Grupo dos Cinco, movimento nacionalista russo que compatilhava do ideal de criar uma música fundada sobre o folclore nacional, contra a tutela e influência das escolas francesa e italiana. O grupo era formado pelos compositores Mily Balakirev, César Cui, Modest Mussorgski, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov.

Sua primeira ópera, Voyevoda, baseada em uma peça de Alexander Ostrovsky, foi estrea-da em 1869. O compositor ficou insatisfeito com a obra e, tendo usado partes dela em trabalhos posteriores, destruiu o manuscrito.

A primeira ópera de Tchaikovsky a sobreviver intacta, foi "O Oprichnik", estreada em 1874. O autor da peça propriamente dita, Ivan Lazhechnikov havia morrido em 1869, Pyotr então, decidiu escrever o libreto ele mesmo, modelando sua técnica dramática na de Eugène Scribe.

A última das primeiras operas, "Vakula, o ferreiro", foi composta na segunda metade de 1874. O libreto baseado em Véspera de Natal de Gogol deveria ter sido musicalizado por Alexander Serov, mas com a morte do mesmo, Tchaikovsky assumiu o cargo.

Em 1875 viaja pela Europa e conhece em Paris Saint-Saëns, Franz Liszt, Georges Bizet e Jules Massenet.

Em 1876 Nikolai Rubinstein apresenta o compositor à baronesa Nadyezhda von Meck, que se sente profundamente atraída pela obra de Tchaikovsky. Incialmente a baronesa o incumbe em algumas transcrições para violino e piano, mas em seguida se converte em mecenas de Tchaikovsky, sob a única condição de comunicarem-se somente por carta. Essa correspondência durou quatorze anos, sem nunca terem se visto. O mecenato resguardou Tchaikovsky de dificuldades financeiras durante esse tempo. (A Sinfonia nº 4 em fá menor, opus 36, é dedicada à baronesa) Nesse mesmo ano de 1876, recebe o encargo de coreógrafo do Teatro Bolshoi de Moscou, onde nasce o ballet O Lago dos Cisnes. O mecenato da baronesa von Meck possibilitava Tchaikovsky dedicar-se exclusivamente a composição, então em 1878 deixa sua cátedra no Conservatório de Moscou.

Em 1880 Nikolai Rubinstein o incumbe de compor uma abertura sinfônica-coral de tema patriótico, prevista para a inauguração da uma exposição em Moscou: nasce a Abertura 1812.

Em 1892 já não conta mais com a ajuda da baronesa von Meck. Sua irmã Alexandra morre. E aos cinquenta anos tem a aparência de um homem muito mais velho.

Em junho de 1893 Tchaikovsky recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Cambridge. Em outubro do mesmo ano sua saúde se agrava profundamente. Em 6 de novembro de 1893 Tchaikovsky morre aos 53 anos, em São Petersburgo.

Noturno Opus 9 numero 2 - Chopin


Uma das peça mais brilhantes de Chopin, e uma interpretação magnifica desse virtuose 

Yundi Li, vale a pena conferir.

O Grande Dante Alighieri


Filho de importante família florentina, não se sabe a data exata de nascimento de Dante Alighieri, o poeta que definiu e estruturou o idioma italiano moderno. A península Itálica na sua época era um mosaico de pequenos Estados que não compartilhavam sequer a mesma língua ou cultura.


Aos nove anos de idade Dante conheceu Beatrice (Beatriz) Portinari, que seria a musa inspiradora ao longo de sua obra: com 16 anos ele voltou a encontrá-la e escreveu para ela o primeiro de seus famosos sonetos de amor. Dois anos depois, casou-se com Gemma, com quem teve três filhos. O casamento estava combinado entre as famílias desde a infância dos noivos.

O amor por Beatriz deu a partida na moda do amor romântico em italiano. A morte da amada, em 1290, levou Dante ao estudo de filosofia latina e religiosa, conhecimentos que inspiraram sua principal obra.

A "Divina Comédia" conta uma viagem imaginária de Dante. O poeta romano Virgílio, seu autor clássico preferido, é o guia no caminho pelo Inferno e Purgatório, onde se encontram personalidades históricas e muitos poderosos da época. No Paraíso, Dante é levado por sua amada Beatriz, a um final feliz.

O sentido original da palavra comédia (commedia, em italiano) era oposto ao de tragédia, que terminava mal para os personagens. O poema tem estrutura épica, base filosófica, e foi escrito na língua toscana, muito próxima do italiano atual. No final do século 13, Dante Alighieri afirmava que essa língua chamada de vulgar, isto é, o vernáculo, era ainda mais nobre que o latim, pois não era artificial e nem privilégio de poucos.

A decisão de Dante de escrever seu grande poema em italiano, a língua falada pelo povo - e a inovação, no século seguinte, da imprensa de tipos móveis, foram marcos na alfabetização e na liberalização da sociedade européia.

O poeta foi médico-farmacêutico, mas não estava interessado na profissão. Entrou na guilda (corporação de ofício) dos boticários por causa de uma lei de 1295, que reservava os cargos públicos a nobres membros de alguma Corporação de Artes e Ofícios.

Dante combateu ao lado dos cavaleiros florentinos, em 1289, contra os de Arezzo. De 1295 a 1300, fez parte do Conselho dos Cem, que governava a cidade. Ele chefiou uma delegação de embaixadores de Florença a Roma, para negociar a paz com o papa Bonifácio 8º., que enviara uma tropa para pacificar a região da toscana. Exceto Dante, a comitiva retornou à cidade. Enquanto ele estava retido pelo papa, a cidade foi ocupada por uma facção rival, que matou a maioria dos membros do partido ao qual o poeta era ligado.

Dante foi condenado ao exílio pelo novo governo de Florença. Se fosse capturado por soldados da cidade seria queimado vivo. Após passar por vários principados, em 1318, ele foi convidado para ser hóspede de Guido Novello da Polenta, príncipe de Ravena, onde morreu em 1321, o mesmo ano em que terminou de escrever os versos do Paraíso, a parte final de sua "Divina Comédia".


Uma das maiores obras da genialidade humana, a Divina Comédia é sem sombra de dúvida um marco de referência para os amantes da boa leitura. E para aqueles que resolverem ler a obra monumental de Dante, aconselho se inteirar do contexto da político e social da velha Florença, bem como da Europa medieval.

Forte abraço a todos (as)

O Grande Mestre Nelson Cavaquinho

Nelson Cavaquinho, nome artístico de Nelson Antônio da Silva, (Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1911 — Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1986) foi um importante músico brasileiro. Sambista carioca, compositor e cavaquinista na juventude, na maturidade optou pelo violão, desenvolvendo um estilo inimitável de tocá-lo, utilizando apenas dois dedos da mão direita.
Seu envolvimento com a música inicia-se na família. Seu pai, Brás Antônio da Silva, era músico da banda da Polícia Militar e seu tio Elvino tocava violino. Depois, morando na Gávea, passou a frequentar as rodas de choro. Foi nessa época que surge o apelido que o acompanharia por toda a vida.
Casou-se por volta dos seus 20 anos com Alice Ferreira Neves, com quem teria quatro filhos e na mesma época consegue, graças a seu pai, um trabalho na polícia fazendo rondas noturnas a cavalo. E foi assim, durante as rondas, que conheceu e passou a frequentar o morro da Mangueira, onde conheceu sambistas como Cartola e Carlos Cachaça.
Deixou mais de quatrocentas composições, entre elas clássicos como "A Flor e o Espinho" e "Folhas Secas", ambas em parceria com Guilherme de Brito, seu parceiro mais frequente. Por falta de dinheiro, depois de deixar a polícia, Nelson eventualmente "vendia" parcerias de sambas que compunha sozinho, o que fez com que Cartola optasse por abandonar a parceria e manter a amizade.
Sua primeira canção gravada foi "Não Faça Vontade a Ela", em 1939, por Alcides Gerardi, mas não teve muita repercussão. Anos mais tarde foi descoberto por Cyro Monteiro que fez várias gravações de suas músicas. Começou a se apresentar em público apenas na década de 1960, no Zicartola, bar de Cartola e Dona Zica no centro do Rio. Em 1970 lançou seu primeiro LP, "Depoimento de Poeta", pela gravadora Castelinho.
Suas canções eram feitas com extrema simplicidade e letras quase sempre remetendo a questões como o violão, mulheres, botequins e, principalmente, a morte, como em "Rugas", "Quando Eu me Chamar Saudade", "Luto", "Eu e as Flores" e "Juízo Final".
Com mais de 50 anos de idade, conheceria Durvalina, trinta anos mais moça do que ele, sua companheira pelo resto da vida. Morreu na madrugada de 18 de fevereiro de 1986, aos 74 anos, vítima de um enfisema pulmonar.

No carnaval de 2011 a escola de samba G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira homenageou Nelson Cavaquinho pelo seu centenário. "O Filho Fiel, Sempre Mangueira" é o nome do enredo que a agremiação levará para a avenida. O músico era torcedor da escola de samba carioca.

Fonte:http://pt.wikipedia.org

Um gênio criativo durante tantos anos no nosso Brasil, e como tantos outros, sem o reconhecimento devido.

Forte abraço a todos.





terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Príncipe, Maquiavel, Capitulo XVIII

Todos sabem quão louvável é um príncipe ser fiel à sua palavra e proceder com integridade e não com astúcia; contudo, a experiência mostra que só nos nossos tempos fizeram grandes coisas aqueles príncipes que tiveram em pouca conta as promessas feitas e que, com astúcia, souberam transtornar as cabeças dos homens; e por fim superaram os que se fundaram na sua lealdade.

Deve saber-se que há dois modos de vencer um com as leis, outro com a força: o primeiro é próprio dos homens, o segundo dos animais; mas porque muitas vezes o primeiro não basta, convém recorrer ao segundo. Portanto é necessário a um príncipe que seja ao mesmo tempo homem e animal. Os antigos escritores ensinaram encobertamente isto mesmo aos príncipes, escrevendo que Aquiles e muitos outros príncipes antigos foram dados a educar a Quíron centauro para que os guardasse sob a sua disciplina. E ter por preceptor um ser, meio animal, meio homem, outra coisa não significa senão que um príncipe deve saber usar duma e doutra natureza e que uma sem a outra não é durável.
Achando-se, portanto, um príncipe na necessidade de saber proceder como animal, deve escolher a raposa e o leão, porque o leão não sabe defender-se dos laços, nem a raposa dos lobos. E preciso, portanto, ser raposa para conhecer os laços e leão para espantar os lobos. Os que tomam simplesmente a parte de leão não entendem palavra. Não pode, nem deve, portanto, um homem prudente guardar a palavra dada, quando o seu cumprimento se volte contra ele e quando já não existem as causas que o fizeram prometer. Não seria bom este preceito se todos os homens fossem bons; mas como são maus e em igual caso eles não cumpririam contigo, tu também não deves cumprir com eles. Nem nunca faltaram a um príncipe razões para colorir a sua falta à palavra. Disto se poderiam dar infinitos exemplos modernos e mostrar quantas pazes, quantas promessas ficaram írritas e nulas pela falta de palavra dos príncipes; aquele que melhor soube proceder como a raposa, melhor se houve. Mas é necessário saber bem colorir esta natureza e ser grande simulador e dissimulador: os homens são tão simples e obedecem tanto às necessidades presentes que quem engana achará sempre quem se deixe enganar.
Não posso resistir a contar um exemplo dentre os recentes. Alexandre VI não fez outra coisa nem pensou noutra coisa que não fosse enganar os homens e sempre encontrou objecto para poder fazê-lo; nem nunca existiu homem que afirmasse com maior eficácia e assegurasse uma coisa com mais juramentos e que menos a observasse; contudo os enganos saíram-lhe sempre ad votum, porque conhecia bem a arte de enganar.
Por conseguinte, não é necessário que um príncipe possua todas as qualidades mencionadas, mas convém que aparente tê-las. Atrever-me-ei a dizer antes que, tê-las e observá-las sempre, é prejudicial e que aparentar tê-las é útil: como parecer piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, etc., mas ter sempre o ânimo preparado para, na altura que convenha, tu poderes e saberes fazer o contrário.
Deve ter-se presente que um príncipe, e sobretudo um príncipe novo, não pode observar todas aquelas coisas pelas quais os homens têm fama de bons, tendo mesmo necessidade, para manter o Estado, de proceder contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade, contra a religião. E preciso mesmo que tenha o ânimo disposto a mudar segundo o que lhe mandem os ventos e as variações da fortuna e, como acima disse, não se separar do bem podendo fazê-lo, mas saber entrar no mal se for necessário.
Deve ainda um príncipe ter grande cuidado em que não lhe saia da boca uma só coisa que não esteja cheia das cinco qualidades atrás ditas e que ao verem-no e ao ouvirem-no pareça todo piedade, todo fé, todo integridade, todo religião. E não há coisa mais necessária de aparentar que esta última qualidade. E que os homens universalmente julgam mais pelos olhos que pelas mãos, pois que a todos é dado ver, mas a poucos sentir. Todos vêem aquilo que tu pareces, poucos sentem o que és, e estes poucos não se atrevem a opor-se à opinião dos muitos que têm a majestade do Estado que os defenda; e nas ações de todos os homens e principalmente nas dos príncipes, das quais não se pode recorrer, se atende ao fim. Faça, pois um príncipe por vencer e por manter o seu Estado; os meios serão sempre julgados honrosos e de todos louvados. Porque o vulgo deixa-se sempre levar pela aparência e o sucesso das coisas; e no mundo não há senão vulgo e os poucos só têm lugar quando os muitos não têm em que apoiar-se. Há presentemente um príncipe, que não quero nomear, que só prega paz e boa fé e é inimicíssimo duma e doutra; e se fosse a observar uma e outra, muitas vezes lhe teria prejudicado a reputação ou o Estado.


Comentários - Escrito em 1513 essa é uma obra de cabeceira daqueles que estudam e querem entender a os fundamentos históricos do estado moderno, ou pelo menos como é concebido hoje. Também nos leva a uma reflexão quanto as estratégias adotadas pelo "Príncipe", conquista, consolidação e manutenção do poder.

Forte abraço a todos (as)



Jorge Pedrosa de Azevedo